Além da reação negativa do mercado financeiro, com a ação de Lojas Marisa (AMAR3) fechando esta segunda-feira (18) em queda de 8,7%, a R$ 0,63, especialistas viram com desconfiança o anúncio da nova parceria com a Credsystem. A principal avaliação é de que a novidade não mexe em áreas da empresa consideradas problemáticas.

Lojas Marisa (Adobe)

“É mais do mesmo”, afirma Max Mustrangi, sócio fundador da Excellance, empresa que atua com reestruturação de empresas. Ele afirma que medida apenas ajuda o financiamento do caixa, sem mexer com a parte operacional e de negócios. “Não estão atacando a causa do problema, apenas convivendo melhor com o tumor.”

Já Gabriel Bassotto, analista chefe de ações do Simpla Club, afirma também que o impacto da nova parceria servirá apenas para o modo como ocorre a operação de crédito da empresa a partir de agora. “A carteira atual da empresa não entrou nessa parceria”, diz.

Empresa em dificuldades

A ação da Marisa já acumula perdas de 48% em 2023, enquanto em 12 meses a queda já está acima de 70%. O mercado acompanha as dificuldades de caixa da empresa, que cravou no 2º trimestre de 2023 o sétimo período seguido no vermelho, com prejuízo de R$ 63 milhões.

Mas, além das preocupações sobre a empresa, o baixo preço do papel também contribuiu para acentuar a queda percentual da ação. “Qualquer variação pequena que for, já vai ter um impacto nas ações”, diz Bassotto, do Simpla Club.

Área de crédito da Marisa

Antes de firmar a atual parceria com a Credsystem, a Lojas Marisa trabalhava com seu próprio braço para operações de crédito, o MBank.

Bassotto destaca que a inadimplência estava em níveis muito altos, em torno de 20%. Nesse aspecto, o analista avalia positivamente a nova colaboração. Ao terceirizar a operação de crédito para uma empresa com experiência neste setor, a Marisa ficaria livre para focar no varejo.

Gustavo Cruz, estrategista chefe da RB Investimentos, tem uma análise parecida. Porém destaca como não se trata de uma decisão da Lojas Marisa para tornar-se competitiva com os concorrentes. “Acho que no momento ela nem está pensando nisso”, diz.

“Ela está pensando em ficar viva nos próximos anos e não ir de ladeira abaixo.”

Gustavo Cruz, estrategista chefe da RB Investimentos

Cruz acredita que a empresa também enfrenta um momento de olhares negativos para o varejo como um todo, mas considera que a empresa tem mais chances de melhorias do que outras do segmento.

Em comparação a marketplaces como o Grupo Casas Bahia (VIIA3), por exemplo, a Marisa tem o diferencial de sua marca e suas roupas. “É mais fácil para ela se reorganizar e entrar em algum grupo. A gente tem vários grupos de moda – Soma, Arezzo”, diz Cruz.

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