Foi um dia sofrível para as principais empresas do varejo do país no Ibovespa. A Via (VIIA3) e o Magazine Luíza (MGLU3) encerraram o dia com forte queda – mais de 6% e acima de 5%, respectivamente . Os analistas do BTG Pactual estão de olho em outra empresa do varejo – e destacam em relatório mais duas companhias do setor.

O setor de varejo está fortemente ligado ao cenário macroeconômico, e há perspectivas favoráveis à frente, segundo o BTG Pactual. O relatório sobre as varejistas elaborado pelo banco destaca a performance da Via e do Magazine Luiza no 2T23, detalha o quadro de dificuldades para as companhias – e aponta outra empresa que pode brilhar ainda em 2023.

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De acordo com a equipe do BTG, além dos desafios macroeconômicos, varejistas como a Magazine Luiza e a Via estão lidando com alavancagem financeira, pressões na margem de lucro e desaceleração na demanda, ocorrida desde o quatro trimestre de 2022. “Isso piorou a alavancagem operacional e a dinâmica de capital de giro, uma tendência comum no primeiro semestre de 2023.”

O Magazine Luiza reportou na última segunda um prejuízo líquido ajustado de R$ 198,8 milhões no segundo trimestre de 2023, valor 77,3% maior do que o prejuízo anotado um ano atrás. A companhia citou maiores despesas financeiras com os juros altos e disse que cada ponto percentual da taxa Selic representa uma economia anual de R$ 150 milhões.

Fatores como taxas de juros mais altas e risco país impactaram o custo de capital próprio e levaram as ações da Via e do Magalu a terem um desempenho inferior em 2022 e início de 2023.

Já a Via, dona da Casas Bahia e do Ponto, divulgou no último dia 10, o seus resultados do segundo trimestre de 2023. A varejista apurou um prejuízo líquido de R$ 492 milhões. O resultado da Via no 2T23 reverte o lucro de R$ 6 milhões apresentado no mesmo período de 2022. A empresa garante, porém, que um novo ciclo está por vir e aproveitou o momento para divulgar o plano de ação da nova gestão da companhia.

Por outro lado, houve mudanças nos últimos meses, aponta o BTG. “Embora o beta do setor varejista já seja baixo, algumas empresas ainda apresentam potencial para uma queda no beta (e no custo de capital próprio), principalmente se as taxas de juros caírem mais rapidamente, o que poderia gerar uma reação positiva de curto prazo”, dizem os analistas

Varejo: segmento de alta renda continua sólido, diz BTG

Segundo o BTG, varejistas de alta renda vêm apresentando resultados sólidos, enquanto outras empresas enfrentam pressões nas margens e na expansão.

O banco assinala que Arezzo (ARZZ3) e Track&Field (TFCO4) tiveram um bom desempenho no 2T23, embora com desaceleração em comparação com trimestres anteriores. “O crescimento das vendas no varejo foi desigual no 2T23, com foco nas famílias de renda mais alta”, explicam os analistas.

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Mercado Livre (MELI34) em momento melhor

No segmento eletrônico, o Mercado Livre (MELI34) continua como destaque, lembra o BTG.

“O volume bruto de mercadorias (GMV) online para MELI, MGLU e VIIA cresceu 16% em relação ao ano anterior, totalizando R$ 41 bilhões em vendas online. O Mercado Livre teve um crescimento anual de 25% no Brasil, atingindo R$ 24,8 bilhões em GMV nos últimos doze meses”, apontam os analistas, que consideram a principal empresa do setor para este 2º semestre.

Os resultados consolidados do setor de varejo no 2T23 mostraram um crescimento de 8,4% na receita (1,4% abaixo das projeções), queda de 0,4% no Ebitda (3,8% acima das projeções), com margem reduzida em 80 pontos-base.

Magazine Luiza, Via e outras bateram R$ 1 trilhão em vendas em 2022

Cinco empresas dominaram as vendas online no Brasil em 2022: Amazon (AMZO34), Americanas (AMER3), Magazine Luiza (MGLU3), Mercado Livre (MELI34) e Via (VIIA3). Em 2022, o faturamento delas somou R$ 203,4 bilhões, considerando vendas de produtos de estoque próprio e de terceiros. A quantia representou no ano passado 78% do e-commerce nacional.

Os dados são da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), que rankeou as 300 maiores varejistas em faturamento, avaliando a participação e vendas totais dos marketplaces segundo apuração da consultoria NielsenIQ.

A maior fatia do faturamento foi para o Mercado Livre (MELI34), com R$ 80,5 bilhões em 2022. A seguir é possível conferir a parcela de cada um dos markeplaces:

  • Mercado Livre (MELI34): R$ 80,5 bilhões;
  • Americanas (AMER3): R$ 44,3 bilhões (número anteriores à crise de inconsistências contábeis);
  • Magazine Luiza (MGLU3): R$ 43,3 bilhões;
  • Via (VIIA3): R$ 20,5 bilhões;
  • Amazon (AMZO34): R$ 14,6 bilhões.

Quatro entre oito atividades do setor caem em maio, afirma IBGE

Quatro das oito atividades que integram o varejo registraram recuos em maio de 2023 ante maio de 2022. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo os dados, na média global, o comércio varejista teve uma retração de 1,0%.

Houve perdas em Tecidos, vestuário e calçados (-18,2%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-17,4%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-6,7%) e Equipamentos e material para escritório informática e comunicação (-4,9%).

Os quatro setores com avanços foram Combustíveis e lubrificantes (10,8%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (7,6%), Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,5%) e Móveis e eletrodomésticos (0,3%).

No varejo ampliado – que inclui os segmentos de veículos, material de construção e atacado alimentício -, as vendas subiram 3,0% em maio de 2023 ante maio do ano anterior.

O volume vendido por Veículos, motos, partes e peças subiu 1,6% em relação a maio de 2022, Material de Construção teve recuo de 2,0%, e Atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo cresceu 18,1%.

Cotação de Magazine Luiza e Via, e de outras ações do varejo

Nesta quinta-feira (17), as ações ligadas ao varejo despencaram no Ibovespa, com Magazine Luiza e Via caindo 5,40% e 6,15%, respectivamente. Arezzo caiu 0,1% e Track&Field cerca de 3,62%. O MELI34 também teve baixa de 3,56%. A queda é motivada pela alta do juros futuros.

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