O Spotify começou nesta terça-feira (8) a liberar o beta do “DJ X”, uma ferramenta feita com inteligência artificial que cria playlists, para mais 46 países, totalizando 50 nações com o recurso — mas ainda não no Brasil. O DJ X parece uma proposta “moderna”, sugerindo músicas e falando o motivo das escolhas. Mas a propaganda da ferramenta mostra basicamente o Flow do Deezer com uma IA falante.
Seguindo uma crescente das marcas de incluir um X no nome (vide a rede social anteriormente conhecida como Twitter e o Real Digital, batizado de Drex), o Spotify batizou o DJ/a inteligência artificial de X. A falta de esforço em pensar em um nome mais criativo contrasta com a criatividade de anunciar um recurso antigo como algo inovador e com IA.
No vídeo de divulgação (veja abaixo) e na publicação em seu site oficial, o Spotify anuncia que o DJ X é uma “inteligência artificial guia que conhece você e o seu gosto musical que pode escolher o que tocar para você”. Acredito que todo mundo que usou o Flow do Deezer ou as próprias rádios do Spotify já usou o “DJ” — vamos lá, ele é IA ou o algoritmo aprimorado?
No Twitter, digo, no X, há algumas pessoas relatando a sua experiência com as recomendações do DJ feito com inteligência artificial. Eu não assino o Spotify — e o recurso nem foi lançado por aqui —, mas entre os elogios e relatos engraçados (já mostro), o DJ X parece uma repaginada no algoritmo de recomendação, somando com a playlist de “músicas que você deixou escapar” e um chatbot para explicar a escolha da música que tocará — e com os erros de uma IA.
No exemplo abaixo, um usuário relata que a “inteligência artificial” contextualizou o ano de 2021 para tocar uma música da época. “Levando você para 2021, quando Olivia Rodrigo e Round 6 eram tão grandes quanto essa ‘pedrada’ (tradução livre de “banger”)”, disse o DJ X antes de tocar o hit “Ain’t No Pleasing You”, de Chas & Dave, lançada em… 1982.
Em outro relato, um assinante do Spotify comenta uma situação que lembra muito os problemas do Flow, recurso do Deezer que é praticamente idêntico ao DJ, mas não fala. No caso abaixo, o usuário elogia a ferramenta, mas comenta que ela tocou dez músicas do musical Hamilton em sequência — as vezes eu escuto uma musiquinha da Shakira por conta própria e quando vou para o Flow, ele me joga uma sequência de músicas em espanhol.
O próprio anúncio do Spotify e os relatos nas redes sociais passam uma sensação de que o termo inteligência artificial foi usado mais para “atrair o público” e vender como algo inovador, não como um algoritmo de recomendação. E a estratégia parece estar dando certo. Há usuários declarando a vontade de testar o recurso.
As IAs são bem mais práticas que NFTs e o metaverso, mas as três tecnologias tem algo comum: todo mundo quer surfar na onda.