O Ibovespa, principal indicador da bolsa de valores brasileira, recuava nesta terça-feira (26) em meio a um ambiente externo desfavorável a ativos de risco, enquanto o Banco Central no Brasil defendeu “atuação firme” para baixar inflação, com diretores divergindo sobre a dinâmica de preços no país. O dólar, por sua vez, subia.

Por volta de 12h15, o Ibovespa caía 0,61%, a 115.241 pontos. O dólar avançava 0,10%, negociado a R$ 4,9695.

Bolsa de valores, em São Paulo
REUTERS/Paulo Whitaker

“A aversão ao risco ainda se faz presente nos mercados internacionais neste início de terça-feira, ainda sob a perspectiva de que os juros americanos permanecerão em níveis elevados por (muito) mais tempo do que se imaginava antes”, afirmou a Ágora Investimentos em relatório a clientes.

IPCA-15 em linha com o esperado

A prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPC-15) subiu 0,35% em setembro ante alta de 0,28% em agosto, de acordo com divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça. A alta foi puxada pelo aumento dos preços da gasolina.

O resultado ficou um pouco abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,38%.

Com isso, o IPCA-15 passou a acumular nos 12 meses um avanço de 5,0%, contra 4,24% no mês anterior. O economista Marco Caruso, do Pic Pay, comenta que o acumulado continua em tendência de alta. “De modo geral, a leitura qualitativa do indicador veio pior que o nosso esperado, o que não muda o fato de que os núcleos têm rodado em patamares consistentes com a meta nos últimos três meses”, disse.

Funcionário segura bomba de combustível em posto em São Paulo 08/11/2016 REUTERS/Paulo Whitaker

Rafael Costa, analista de estratégia macro da BGC Liquidez, disse que o IPCA-15 de setembro surpreendeu para baixo mas teve resultados conflitantes nos serviços.

“As surpresas baixistas, no nosso caso, ficaram concentradas no grupo de alimentação e industriais. Destacamos o grupo de serviços e serviços subjacentes apresentaram inflações maiores do que projetadas tanto por nós quanto pela mediana de analistas.”

Ata do Copom mais ‘dura’

Na manhã desta terça, o Banco Central divulgou a ata do Copom. O documento reforça a posição de que é necessária uma “atuação firme” para reduzir as expectativas de inflação.

“A instituição fechou, mais uma vez, de vez, a porta para ajustes mais intensos nos cortes da Selic até o final do ano e, quiçá, até o início do ano que vem”

Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital

“A forma como essa ata foi desenhada, ela afasta de vez qualquer possibilidade de movimentos positivos, de surpresas positivas que poderiam levar essa condição da política monetária para um afrouxamento mais significativo do que nós vemos nesse momento”, diz Argenta.

Num geral, indicações de uma postura mais rígida por parte do BC na condução da política monetária – ainda que num momento de afrouxamento dos juros – costumam beneficiar o real.

“Acabam trazendo a expectativa de que o diferencial de taxa de juros no Brasil vai se manter mais favorável em relação às demais economias, o que contribuiria para a atração de investimentos financeiros para o país e ajudaria no fluxo de divisas”

Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX

Muitos participantes no mercado têm pontuado que, se o Copom continuar cortando os juros no ritmo atual, a Selic – atualmente em 12,75%, após dois cortes de 0,50 ponto percentual – ainda continuará em patamar suficientemente restritivo para apoiar a moeda local por um bom tempo.

Cenário externo

Lá fora, o foco segue sobre os juros nos Estados Unidos. Comentários de um presidente regional do Federal Reserve ajudaram a impulsionar o rendimento do Treasury de dez anos – o título de referência dos EUA que define o tom dos custos de empréstimos em todo o mundo – para o nível mais alto desde 2007 nesta terça-feira.

Isso, por sua vez, impulsionou o apelo do dólar, levando o índice da divisa norte-americana para o maior nível desde o final de novembro de 2022, movimento que contaminou os mercados globais.

Bolsas mundiais

Wall Street

Os principais índices de Wall Street caíam na abertura desta terça-feira, com os investidores ainda preocupados com as perspectivas de uma política monetária restritiva prolongada por parte do Federal Reserve e seu consequente impacto sobre a economia.

O Dow Jones caía 0,42% na abertura, para 33.862,68 pontos. O S&P 500 abriu em baixa de 0,57%, a 4.312,88 pontos, enquanto o Nasdaq Composite perdia 0,68%, para 13.180,96 pontos.

Ásia e Oceania

As ações da China e de Hong Kong caíram nesta terça-feira uma vez que as preocupações econômicas e as tensões geopolíticas pesaram sobre o sentimento, com poucas negociações antes do feriado do Dia Nacional da China.

  • Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 1,11%, a 32.315 pontos.
  • Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 1,48%, a 17.466 pontos.
  • Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,43%, a 3.102 pontos.
  • O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,58%, a 3.692 pontos.
  • Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 1,31%, a 2.462 pontos.
  • Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 1,07%, a 16.276 pontos.
  • Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,01%, a 3.215 pontos.
  • Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 0,54%, a 7.038 pontos.

(*Com informações da Reuters.)

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