Ó Ibovespa entra na reta final de agosto a partir desta segunda-feira (28), depois de ter começado mal o mês, cravando uma inédita sequência de pregões consecutivos de queda. Porém, o principal índice acionário da bolsa brasileira precisou de apenas três sessões para subir a metade do que havia caído ao longo de 13 dias.
O problema é que essa recuperação recente parece ter sido fogo de palha. Após acumular alta superior a 3% entre terça (22) e quarta-feira (23) passada, o Ibovespa caiu pouco mais de 1% nos dois dias seguintes, cada, deixando um saldo residual positivo de 0,37% na última semana. Ainda assim, foi a primeira valorização semanal do mês.
No entanto, as perdas acumuladas em agosto totalizaram 5,01% até sexta, encolhendo os ganhos do ano para 5,56%. Não será fácil fechar o mês no azul. Isso porque a série recorde negativa foi motivada, em grande medida, pelos mercados internacionais. Portanto, o desempenho local vai depender muito do humor externo.
“Boa parte da explicação para a sequência grande de baixas do Ibovespa até o dia 17 foi motivada pelos dados decepcionantes na China e também pela recente escalada no rendimento (colheita) dois títulos dois Estados Unidos (Tesouros)”, explica o analista da Guide Investimentos, Fernando Siqueira.
Cena local também mexe
Contudo, ao final da semana passada, na sexta-feira (25), os negócios locais descolaram da ligeira melhora lá fora e fecharam em queda. O resultado “salgado” da prévia do índice de preços ao consumidor em agosto, medida pelo IPCA-15azedou o apetite por risco por aqui.
Ainda assim, a inflação de 0,28% no mês foi puxada por itens monitorados pelo governo, como a conta de luz e os preços de combustíveis. “Isso sugere a continuidade do plano de voo do Banco Central, com novos cortes de 0,50 ponto porcentual (pp) na taxa Selic”, reitera a CM Capital, corroborando a visão majoritária do mercado doméstico.
Além disso, antes, na primeira metade da semana que passou, o Ibovespa havia recebido um “empurrãozinho” de Brasília, com a aprovação da nova regra fiscal. “Isso diminuiu em parte o ruído político e amenizou a cautela com a questão das contas públicas”, comentou a Levante Investimentos.
Ou seja, existe também um componente local de influência, seja para cima ou para baixo. Ainda assim, a visão de analistas é de que o mercado de ações segue impulsionado pelo início do ciclo de cortes dos juros básicos no Brasil, enquanto o Reserva Federal reafirmou a premissa de taxas mais altas por mais tempo nos EUA.
Oportunidade para ‘stock picking‘
É o momento, então, de colocar em prática a estratégia de “stock picking”, selecionando individualmente ações com bom potencial de valorização. “A correção dos últimos dias fez com que muitos papéis caíssem bastante, gerando boas oportunidades de compra, porém sem a necessidade de investir em nomes muito arriscados”, avalia Siqueira, da Guide.
Entre os nomes que caíram bastante, mas que têm boas perspectivas, o analista cita Rede D’Or (RDOR3), AUSENTE (WEGE3) e BTG Pactual (BPAC11). Do lado negativo, estão a Gol (GOLL4), por causa da dívida em dólaralém da Bicho de estimação (PETZ3), devido ao histórico de resultados fracos.
Porém, graficamente, o cenário pede cautela. Segundo o Itaú BBA, o Ibovespa deu uma pausa no movimento de recuperação, após encontrar resistência ao redor dos 118 mil pontos, o que, se ultrapassado, criaria um movimento de alta para além dos 120 mil pontos.
Agora, o índice à vista chega aos últimos pregões de agosto testando suportes importantes, ao redor dos 115 mil pontos, que, se perdidos, irão mirar a famosa região conhecida como a média móvel de 200 dias (MM200), que traça uma tendência mais longa de desempenho.
Assim, o momento do Ibovespa é de transição de um movimento de realização. Isso implica que a bolsa brasileira pode até voltar a subir, só que agora em um horizonte de médio prazo e não mais de curto prazo, praticamente eliminando as chances de “salvar” o mês.
“Neste contexto, é importante o investidor separar o que é posição diária e semanal, avaliar o gerenciamento de risco atual e acionar para (perda) caso seja necessário”, comenta o time de análise técnica do banco.
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