O dólar opera em alta sobre o real e o Ibovespa recua nesta quinta-feira (31), acompanhando o cenário exterior após a divulgação de dados de inflação dos Estados Unidos, que podem balizar a trajetória dos juros decidida pelo Federal Reserve (Fed).

Às 10h44, o dólar subia 1,05%, a R$ 4,9196, e o Ibovespa recuava 0,75%, aos 116.659 pontos.

Enquanto isso, no cenário interno, investidores repercutem dados do mercado de trabalho, além da sanção presidencial do arcabouço fiscal com dois vetos. Mas preocupações sobre o cenário fiscal dominam as atenções.

Cenário externo

Os gastos dos consumidores dos Estados Unidos aumentaram em julho, enquanto a inflação medida pelo índice de preços PCE ficou em 0,2% no mês passado, repetindo a taxa mensal vista em junho. Nos 12 meses até julho, o PCE aumentou 3,3%, depois de avançar 3,0% em junho.

Supermercado em Chicago, EUA
22/11/2022. REUTERS/Jim Vondruska

Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice de preços PCE aumentou 0,2%, depois de subir pela mesma margem no mês anterior. O chamado núcleo do índice de preços aumentou 4,2% em termos anuais em julho, depois de ter subido 4,1% em junho.

Apesar da leve aceleração dos dados na base anual, o diretor de operações da FB Capital, Fernando Bergallo, explicou que a leitura de inflação dos EUA ainda veio em linha com o esperado. Ele mantém visão de que “os juros por lá não devem subir mais”, ressaltando que a aposta de um “pouso suave” da economia norte-americana está ganhando terreno entre os analistas.

Já Danilo Igliori economista-chefe da Nomad, avalia que “os dados de consumo de julho, revelados pelo PCE, reforçam a percepção de que a atividade permanece resistente nos EUA”.

“A vida continua difícil para as autoridades monetárias e os dados de agosto serão fundamentais para definir os próximos passos do ciclo de juros e em particular para a decisão do encontro do FOMC em setembro”

Danilo Igliori economista-chefe da Nomad

Alta do dólar

Para Bergallo, a forte alta do dólar neste pregão estava mais relacionada à disputa antes do fechamento da Ptax do fim de mês.

“Eu creditaria essa volatilidade de hoje essencialmente à busca por proteção nessa nítida disputa técnica em torno da Ptax mensal de agosto”, afirmou Bergallo. “Dá para notar um aumento de rolagens de contratos cambiais, distorcendo um pouco a liquidez… E não descarto nova reviravolta e alternância de sinal à tarde.”

A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas ou vendidas em dólar.

Cenário interno: preocupações fiscais

Também no radar está a aprovação pela Câmara dos Deputados do projeto que prorroga a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores por mais quatro anos, o que, na visão do superintendente de research da Ágora, José Cataldo, “significa menos recursos e a manutenção do ambiente fiscal desafiador”.

Cataldo ainda destacou em nota a clientes que “todos os olhos devem estar atentos ao Projeto de Lei Orçamentária de 2024 (PLOA), que chegará ao Congresso hoje”.

Na véspera, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que o Orçamento de 2024 prevê aumento de R$ 129 bilhões da despesa primária em relação a este ano e estabelece uma ampliação de R$ 168 bilhões em arrecadação para assegurar a previsão de um déficit zero no ano.

Vista aérea do Congresso, em Brasília
18/04/2013
REUTERS/Ueslei Marcelino

Tais detalhes vieram após o Tesouro Nacional reportar que o governo central registrou déficit fiscal primário de R$ 35,9 bilhões em julho, forte deterioração ante o saldo positivo de 18,9 bilhões um ano antes e pior do que as expectativas, o que desagradou agentes financeiros.

Nesta quinta-feira, o Banco Central divulgou que a dívida pública bruta do país como proporção do PIB fechou julho em 74,1%, contra 73,6% no mês anterior. Já a dívida líquida foi a 59,6%, de 59,1%.As expectativas em pesquisa da Reuters eram de 73,9% para a dívida bruta e de 59,7% para a líquida.

Bolsas mundiais

Wall Street

Os principais índices de Wall Street abriram em alta, uma vez que uma leitura da inflação muito aguardada ficou em linha com as expectativas, mantendo vivas as expectativas de que o Fed possa interromper seu aperto monetário.

O Dow Jones subia 0,05% na abertura, para 34.909,09 pontos. O S&P 500 abriu em alta de 0,05%, para 4.517,01 pontos, enquanto o Nasdaq Composite ganhava 0,16%, para 14.041,54 pontos.

Ásia e Oceania

As ações da China e de Hong Kong caíram nesta quinta-feira, fechando o mês com perdas, depois que dados oficiais mostraram que a atividade da indústria na segunda maior economia do mundo encolheu novamente em agosto.

  • Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,88%, a 32.619 pontos.
  • Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 0,55%, a 18.382 pontos.
  • Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,55%, a 3.119 pontos.
  • O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,61%, a 3.765 pontos.
  • Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,19%, a 2.556 pontos.
  • Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 0,51%, a 16.634 pontos.
  • Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,41%, a 3.233 pontos.
  • Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,10%, a 7.305 pontos.

(* com informações da Reuters)

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