Os dois primeiros episódios de Supacell poderia ter feito um trabalho mais completo de focar em Sabrina (Nadine Mills) e outras mulheres na série. Em vez disso, elas serviram principalmente como personagens de apoio para a narrativa masculina. Então o episódio de Sabrina é o que eu estava esperando, pois traz suas lutas superpoderosas para os holofotes. E acontece que ela faz o que muitos de nós faríamos, especialmente como uma profissional de saúde — ela consulta um médico para verificar seu cérebro.

Uma narrativa poderosa para Sabrina — quase

Os poderes de Sabrina — ser capaz de empurrar e mover objetos, ou habilidades telecinéticas — frequentemente se manifestam em raiva. Embora a narrativa de mulheres negras serem socialmente incapazes de expressar raiva seja importante para explorar em uma narrativa de super-heróis, é frustrante ver que os poderes de Sabrina e a ansiedade relacionada também a tornam descuidada e dispersa. É irritante ver esse tropo como uma grande parte dos poderes e da narrativa do único personagem principal não masculino.

Dionne: Não é responsável pelo seu próprio destino

O episódio também centra mais as mulheres, pois segue Dionne (Adelayo Adedayo) em seu dia de trabalho, longe de Michael (Tosin Cole). Em seu papel como assistente social, Dionne conecta mais fios entre pessoas sobre-humanas ao descobrir informações sobre uma mulher desaparecida que não estava agindo como humana.

No entanto, enquanto Dionne continua sua investigação e conta a Michael, ele a dispensa e discute com ela por estar envolvida, tudo isso enquanto se recusa a contar a ela o verdadeiro motivo de sua preocupação e raiva: que ele viu sua lápide. Ele se recusa a dar a Dionne agência em sua própria sobrevivência, e isso torna nosso super-herói garoto de ouro totalmente menos atraente. É difícil torcer por ele se você estiver assistindo ao show através de uma lente feminista.

Cliffhanger resolvido

O segundo episódio, que focou em Tazer (Josh Tedeku), terminou em um cliffhanger com uma ameaça iminente de violência. O terceiro episódio mostra a resolução dessa cena, com um labirinto de surpresas. Isso faz com que a história pareça mais conectada e menos episódica, o que é cada vez mais importante à medida que Michael usa seus poderes de viajar no tempo com mais frequência. A narrativa mais concisa permite que os poderes desorientadores e perturbadores de Michael melhorem a história em vez de torná-la mais confusa.

Aceleração e encontros mais “aleatórios”

Os poderes de Michael também aceleram a narrativa da história, e percebemos sua confusão sempre que ele tenta descobrir o quão longe ele avançou.

Conforme o show avança, vemos os personagens terem quase acidentes uns com os outros, então interagem mais e mais diretamente a cada episódio. No episódio 2, vemos Andre (Eric Kofi Abrefa) ajudar Sabrina em um momento de distração que poderia ter sido fatal. Essas conexões cada vez mais estreitas mostram o quão interligadas a sobrevivência, a segurança — e possivelmente os poderes — dos personagens podem ser.

Além disso, a presença aumentada do vilão Krazy (Ghetts) coloca Sabrina em modo protetor e faz o nível geral de violência aumentar. O vilão existe para unir ainda mais as histórias dos personagens.

Falta de controle: poderes à vontade

Um tema Supacell tem explorado desde o primeiro episódio é a agência dos personagens sobre seus poderes. Alguns personagens, em alguns casos, podem controlar seus poderes à vontade. Outras vezes, esses poderes parecem funcionar aleatoriamente, quando estão mais perto de outro personagem, ou como resultado de uma reação emocional.

Essa falta de controle ou agência no uso dos poderes que lhes são dados reflete as preocupações raciais e socioeconômicas que todos os personagens discutiram no primeiro episódio. Dessa forma, o criador do programa e produtor executivo Rapman faz uma declaração poderosa sobre a estratificação na Inglaterra e em geral.

Anemia falciforme volta ao foco

Depois que o enredo da anemia falciforme desapareceu no episódio dois, ele retorna nesta edição. Michael novamente auxilia sua mãe na clínica de anemia falciforme, e Andre fala com seu filho AJ (Ky-Mani Carty) sobre a doença também. Isso novamente traça a conexão entre o nome do programa e a doença, que afeta principalmente pessoas negras, como AJ aponta.

Isso confirma a conexão genética entre os personagens, embora o nome da série também reforce como os personagens precisam depender uns dos outros para sobreviver, uma mensagem sobre a comunidade negra.

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