Um produtor da CBS 60 minutos está processando a rede por demiti-la depois que ela foi acusada de assédio, ao mesmo tempo em que fazia vista grossa para “má conduta muito mais flagrante” de funcionários do sexo masculino.
A produtora Alexandra Poolos disse em um processo por discriminação de gênero movido contra a CBS na terça-feira no tribunal federal de Nova York que a empresa a demitiu em violação às leis de direitos civis depois que ela foi falsamente acusada de intimidar um produtor associado que ela supervisionava. Ela aponta discrepâncias na forma como sua demissão foi tratada, em oposição a vários produtores e editores masculinos do programa que supostamente foram alvo de diversas queixas por assédio sexual.
Segundo a denúncia, “sexismo e misoginia definiram o local de trabalho” na rede. Ela cita acusações de má conduta sexual e assédio contra o ex-presidente da CBS Leslie Moonves, o ex-âncora da rede Charlie Rose e o ex- 60 minutos o produtor executivo Don Hewitt, bem como vários outros produtores atuais do programa.
Poolos foi demitida sem indenização no ano passado, depois que um produtor associado que ela supervisionava a denunciou por ser uma “valentona” que não “respeitava os limites”, diz o processo. Em um memorando, a CBS afirmou que a demitiu por assédio, discutindo as reclamações do funcionário reclamante com outras pessoas e não sendo verdadeira, de acordo com a denúncia.
Poolos argumenta que a CBS aplicou padrões desiguais para demiti-la, em comparação com os funcionários do sexo masculino. Ela diz que a rede iniciou uma “investigação falsa”, falhando em aderir às políticas de não discriminação que exigem que a CBS inclua a revisão de todas as provas recolhidas.
“Poolos não está ciente de que a CBS demitiu homens 60 minutos funcionários com base em uma única reclamação de um subordinado sobre comportamento que não foi acusado de constituir discriminação ou retaliação ilegal”, afirma a denúncia. “Em contraste com o tratamento severo dispensado a Poolos, a CBS recusou-se a tomar qualquer ação disciplinar significativa em resposta a graves alegações de má conduta contra funcionários do sexo masculino.”
No processo, Poolos aponta vários funcionários atuais e ex-funcionários do programa cuja suposta má conduta sexual e assédio não foram abordados pela rede. Ela alega que seu ex-supervisor “a abusou emocionalmente e a assediou sexualmente durante anos” e que a rede “a desencorajou de apresentar queixas”.
Entre as pessoas mencionadas por Poolos está o ex-presidente da CBS News Neeraj Khemlani que deixou seu cargo em agosto supervisionando programas emblemáticos como CBS Evening News e 60 minutos. Ela afirma que ele foi alvo de inúmeras queixas por discriminação contra mulheres e funcionários negros, mas que a rede “deu a ele múltiplas chances” de abordar seu comportamento em vez de demiti-lo.
“Apesar das muitas reclamações sobre seu comportamento abusivo por parte de funcionários da CBS, especialmente mulheres e pessoas de cor, Khemlani não enfrentou consequências significativas por seu comportamento abusivo e continua associado à CBS”, afirma a denúncia.
Poolos alega discriminação de género, retaliação e quebra de contrato. Ela busca uma ordem exigindo que a CBS adote ou fortaleça políticas antidiscriminatórias, bem como indenizações punitivas.
A CBS não quis comentar, citando uma política sobre litígios pendentes.
O principal promotor de Nova York anunciou no ano passado um acordo de US$ 30,5 milhões com a CBS e Moonves por enganar os investidores da empresa sobre sua má conduta e ocultar acusações de agressão sexual contra ele. Moonves renunciou em 2018 após acusações públicas feitas por um grupo de mulheres.