A programação da conferência Golden Melody Festival de Taipei atraiu profissionais de música de toda a Ásia e além, oferecendo sessões, showcases e fóruns para promover o cenário musical da língua mandarim.
Na sessão de abertura do evento, os líderes da indústria se reuniram para explorar uma fronteira que está rapidamente se tornando menos ficção científica e mais realidade pop: artistas virtuais gerados pela IA.
Intitulado “Criar o Artista do Futuro: um Laboratório de Inovação AI × Metaverse”, a palestra introduziu Mila, uma cantora virtual alimentada por IA e projetada para existir perfeitamente dentro do Metaverse. No palco, desfrutar do CEO da Record Co., Eric Chen, e o vice -presidente sênior da Inventec Corporation, Chaucer Chiu, discutiu as oportunidades e filosofias por trás dessa estrela sintética.
Mila não é apenas um avatar 3D com uma voz sintetizada. Ela é o resultado de um ecossistema complexo que inclui desenvolvimento de personalidade orientado a IA, interação em tempo real no metaverso e hibridação cultural em sua identidade visual e vocal. Sua criação envolveu tudo, desde engenharia de som e software de texto em fala até servidores de computação de IA.
Ela representa “uma extensão da emoção humana” e um novo plano para relacionamentos de fãs-artistas. “A conexão emocional entre ídolos virtuais e fãs não é mais fraca do que com artistas reais”, disse Chen à Variedade. “Pelo contrário, pode superar mais facilmente limitações de linguagem, geografia e tempo”.
Ao desenvolver o cantor virtual, a equipe descobriu que o design de personalidade movido a IA, funções de voz interativa e conteúdo de mídia social personalizado permitiu que os fãs se envolvessem com ela o tempo todo, o que pode levar a laços emocionais.
“Essa ‘companhia co-criativa’ permite uma conexão escalável que seja difícil para os artistas tradicionais alcançarem”, disse Chen.
Ainda assim, o caminho para o estrelato virtual está repleto de questões criativas e éticas. Do ponto de vista técnico, o objetivo é fazer com que os artistas virtuais se sintam naturais e distintos, mas o verdadeiro desafio criativo está em dar a eles uma sensação de “alma”, ao fazer o público acreditar que há mais por trás do avatar do que apenas código e síntese.
Assim como crucial é garantir que a personalidade de um artista de IA não atravesse limites culturais ou éticos. “Tudo, desde o comportamento dela e a linguagem até a identidade visual, deve passar por um processo de design e revisão responsável”, disse Chen. “Como produtores musicais, também prestamos muita atenção à atribuição, originalidade e autenticidade emocional em obras criativas. Essas são as questões éticas que precisamos para examinar mais na criação da música virtual”.
Olhando para o futuro, Chen disse que a música da IA se tornará mais difundida, mas seu potencial no topo das paradas ainda depende de algo que os algoritmos não podem fabricar: toque humano e ressonância emocional.
“Não vemos a IA como um substituto, mas como colaborador”, explicou Chen. “O futuro do mercado convencional pode envolver ‘criação assistida por AI’, ‘processos de produção otimizados para a IA’ e até ‘mapeamento de artistas de personalidade da IA’, mas o núcleo continuará sendo a ressonância de conteúdo e valor. Sem essa ressonância, mesmo os algoritmos mais poderosos serão apenas a música de fundo.”