O dólar tem dia de alta nesta sexta-feira (6) após a divulgação de dados de emprego bem mais fortes do que o esperado nos Estados Unidos que reforçaram a perspectiva de juros mais altos por mais tempo no país. O Ibovespa opera em queda.
Às 10h30, o dólar subia 0,73%, a R$ 5,2064, após bater R$ 5,2207 na máxima di dia. O Ibovespa recuava 0,8%, aos 112.376 pontos.
A criação de vagas de emprego nos Estados Unidos aumentou em setembro e superou com força as expectativas, sugerindo que o mercado de trabalho continua forte o suficiente para que o Federal Reserve (Fed) aumente a taxa de juros este ano.
A economia dos EUA abriu 336 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola no mês passado, informou o Departamento do Trabalho em seu relatório de emprego nesta sexta-feira, também conhecido como “payroll“. Economistas consultados pela Reuters previam abertura de 170 mil vagas de trabalho em setembro. As estimativas variavam de 90 mil a 256 mil.
“Os dados de emprego desta semana estavam vindo mistos, e o ‘payroll’ que iria definir a reação do mercado – e veio bem mais forte que o esperado, o dobro, então realmente mostra o mercado de trabalho ainda bem aquecido”
Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos
Na esteira dos dados dos Estados Unidos, o rendimento do Treasury de dez anos – referência global para decisões de investimento – subia 14,20 pontos-base, a 4,8578%, disparando em direção ao maior patamar desde 2007 atingido na quarta-feira, de 4,884%.
“A conclusão é uma só: forte expectativa de aperto monetário por lá, com juros mais fortes, e fechando ainda mais o diferencial (de juros) para nós – lembrando ainda que estamos na contramão, em persistente trajetória de queda da Selic”
Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital
Quanto mais altos os juros nos EUA, mais o dólar tende a se valorizar globalmente, uma vez que os rendimentos dos Treasuries ficam atraentes quando comparados aos retornos de títulos emergentes, de risco muito maior.
No Brasil, o Banco Central já cortou a taxa Selic em 1 ponto percentual desde agosto, a 12,75%, movimento que reduz a rentabilidade do mercado de renda fixa brasileiro, ofuscando ainda mais o apelo do real.
No entanto, alguns participantes do mercado ainda argumentam que os juros domésticos continuarão em patamar restritivo por algum tempo mesmo após o início do afrouxamento monetário pelo BC, o que limitaria os impactos desse ciclo na taxa de câmbio.
Pacheco, da Guide, disse estimar o dólar um pouco mais baixo até o final do ano, em torno de R$ 5,10, “por conta da Selic ainda muito alta”. Ainda assim, no curto prazo, a tendência é o real continuar a se desvalorizar, disse o economista.
(* com informações da Reuters)
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